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    3. O 'mussar' e sua recompensa
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    Ariane Falcão
    Traço  ·  
    1 de Dez de 2020

    O 'mussar' e sua recompensa

    Antes de falar do mussar, gostaria de falar da elasticidade das nossas fibras musculares. Muito da elasticidade dos nossos músculos vêm do constante alongamento. O alongamento funciona da seguinte forma: colocamos nosso corpo em uma posição que não é tão confortável, mas que trabalha tal músculo, sentimos a "dor do alongamento", ficamos por 20 segundos e então voltamos à posição confortável. Para que o alongamento seja feito e mantido, deve-se concentrar todos os dias no alongamento mais conveniente para a parte do corpo que se pretende "expandir".


    Quando a pessoa não se alonga e o tempo passa, ela se torna cada vez mais atrofiada e "recolhida". O alongamento em si também deve ser de tal forma que duas coisas não aconteçam: 1 - ao se alongar demais e por tempo demais, na pressa por querer resultados, a pessoa se lesiona e se machuca às vezes permanentemente; ou 2 - ao compensar no alongamento, a pessoa procura um lugar em que parece que ela está se alongando, enquanto na verdade ela se joga para algum lado em que ela não sinta dor; esta ilusão, apesar de convincente para um olho não treinado, acaba por deixar o corpo da pessoa cada vez mais torto.


    Um constante e correto alongamento deixa qualquer corpo leve, com uma maior elasticidade, com maior capacidade para sentir prazer e quase nenhuma dor, cada parte do corpo que é alongada quase que se alegra, tornando nossa vida mais fácil a partir da representação daquela parte do corpo e de como ela age em nossa vida.


    Da mesma forma, o 'mussar' é um alongamento para partes do nosso cérebro que utilizaremos em nossas vidas, em que um constante e correto alongamento trará mais leveza, paz, prazer, 'elasticidade' e bem menos propensão à dor. Como isso funciona? Sempre quando descobrimos o véu do ego e quando o fazemos de forma correta, a dor é semelhante a um alongamento. É claro, quanto mais aquele 'músculo' está atrofiado, mais vai doer e menos a pessoa terá 'elasticidade' para alongar aquela parte de si. Então como fazer isso? Tomando a responsabilidade por cada ação, palavra e pensamento que dirigimos para conosco e para com o outro. Simples, não? Ah, se fosse...


    Podemos pensar na nossa relação para com as pessoas em nossas vidas. Por que nos incomodamos tanto com certas pessoas? Por que o relacionamento passado acabou? Por que meu relacionamento com meus pais deixa a desejar? Por que eu sempre encontro certas pessoas que me fazem sofrer? As respostas mais simples sempre são: porque o outro é assim e faz isso e aquilo; ou: eu sei que eu fiz isso que fez com que a pessoa agisse daquela forma, mas aquela pessoa fez isso e aquilo primeiro... ou ainda: as coisas são assim. A resposta de cada um vem com o tempo, mas enquanto isso, é sempre bom pedir para HaShem uma luz para que esse 'alongamento' seja produtivo, pois sempre precisamos de um professor para nos ensinar qual é o lugar certo para nos 'alongarmos'.


    Bom, no fim, isso me fez pensar no que a sociedade se tornou hoje. O que eu vejo é que as pessoas fazem muito essas duas coisas negativas:


    1) Acabam 'alongando demais' seus cérebros, nulificando de forma improdutiva seus egos e o mundo físico a sua volta, de forma que às vezes acabam 'se lesionando' e se machucando de forma permanente. Isso, ao meu ver, acontece quando as pessoas se atiram nas drogas que as levam a ver coisas demais, sem que o trabalho do 'mussar' aconteça, ou as pessoas que se atiram em práticas espirituais muito maiores do que seus níveis e acabam inclusive vindo a falecer ou a enlouquecer.

    2) Quando se estuda a psicologia e a mente humana, junto com práticas holísticas diversas que pregam a aceitação de crenças duvidosas, que no fim acarretam numa "compensação" do trabalho que deveria ser feito. Talvez dizendo: "olha como eu sei sobre perdão, sobre narcissismo e projeção, olha como eu sei sobre as armadilhas do ego", quando isso é apenas uma ilusão de que o 'alongamento' está sendo feito. Isso acarreta na pessoa buscar em uma espiritualidade vazia a compensação do que falta, desviando-se cada vez mais do caminho.


    Por isso, é importante sempre 'se alongar' com responsabilidade, pois como dito, o extremo pode causar uma lesão e a compensação um desvio. Entretanto, o 'alongamento' do cérebro E também do corpo me parecem ser partes essenciais do caminho do aprendiz, para que assim possamos viver da forma como HaShem deseja que vivamos: amando a Ele, ao corpo maravilhoso que Ele nos deu para cumprir mitsvot e amando ao próximo como a nós mesmos.